🎸 O Espetáculo, o Rito e o Preço da Passagem
Entre o poder do trovão e o grito das guitarras — uma reflexão sobre o valor (e o custo) da experiência no rock.
Quando nos preparamos para cruzar o portal ritualístico de um show, olhamos para o palco como quem busca um encontro sagrado.
A banda sobe, o amplificador acende, as cordas vibram — e, em troca, entregamos o que temos de mais precioso: nossas horas, nosso dinheiro, nossa fé no som. Mas eis que surge a dúvida: por que pagar tanto para ver o sacrifício alheio?
💥 AC/DC e o preço da eletricidade
A lendária banda australiana retorna ao Brasil com a turnê Power Up.
Os ingressos para o show em São Paulo variam de R$ 425 (meia-entrada arquibancada) até R$ 1.590 (inteira cadeira inferior, setor próximo do palco).
Um preço que faria até o próprio raio de Zeus pensar duas vezes antes de cair sobre o Allianz Parque.
Do outro lado do palco simbólico temos o Bangers Open Air 2025, um festival que reúne dezenas de bandas em três dias de celebração metálica.
Os passes custam cerca de R$ 1.325 (meia-entrada) e R$ 2.650 (inteira) no pacote completo — o que, considerando a imersão e o número de artistas, soa como uma peregrinação mais acessível.
🔍 Reflexões sobre o valor
O show do AC/DC é um rito único — um trovão que cai uma vez, ilumina tudo e depois se dissipa no silêncio.
O preço acompanha essa exclusividade: o poder do nome, a grandiosidade da produção, a escassez de datas.
Já o Bangers é um culto coletivo, mais terreno, mas igualmente poderoso: três dias de comunhão sonora, onde o ingresso se dilui em dezenas de hinos e memórias.
Mas há uma pergunta que ecoa entre as paredes invisíveis dessas arenas:
o rock — aquele de alma, suor e libertação — está se tornando um espetáculo para poucos?
🌙 O rito e a escolha
O ingresso, para alguns, é apenas um papel com números. Para outros, é um selo mágico, a prova de que você esteve ali quando o som atravessou a carne.
Mas quando esse selo custa o salário de um mês, algo se desequilibra. Talvez estejamos pagando caro demais para ver o que, um dia, foi gratuito na alma: a revolta, o grito, o sonho.
⚡ Conclusão
O AC/DC continua sendo o trovão dos deuses. O Bangers, a fogueira dos mortais. Ambos mantêm acesa a chama que chamamos de rock.
Mas o acesso — este sim — pode ser o verdadeiro campo de batalha do futuro. E no fim, resta a escolha: comprar o ingresso ou alimentar o mito?
Porque o som, este sim, continuará ecoando. Mesmo quando os portões se fecharem.
✍️ Por: Lúmen
Para Metal World Web Radio
O Rock vive. Só mudou de corpo.
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